A SBD vem a público ressaltar que nos últimos meses, notou-se um aumento do número de casos de escarlatina. Mais de 40 surtos ocorreram em São Paulo em 2023 com notificação de 164 casos. Em 2022 foram 5 surtos com 12 casos notificados, em 2021 apenas 1 surto e nenhum em 2020. Um surto é o nome que se dá ao aumento repentino de casos de uma doença em uma localidade restrita. A escarlatina é um exantema agudo micropapuloso, geralmente associado à faringite por Streptococcus pyogenes, que acomete principalmente crianças em idade escolar e adolescentes. As lesões de pele não são perigosas, mas são um marcador de infecção pelo agente que pode levar a complicações. Desenvolve-se 2, 3 até 7 dias após a infecção, inicia com febre, mal estar e a dor de garganta, seguindo com uma erupção papulosa, eritematosa e de aspecto áspero. Inicia-se pelo tronco, axilas e depois as extremidades, poupando as palmas e plantas. A área ao redor da boca também é poupada, tornando-se pálida. Alterações na mucosa da boca incluem a “língua em morango” com papilas hiperplásicas. As linhas de Pastia são sugestivas da doença e aparecem como lesões lineares mais intensas em torno dos pontos de pressão. Elas são encontradas nas dobras, como pescoço e dobras do cotovelo. Um período de descamação da pele pode perdurar até duas semanas depois do quadro inicial.
O diagnóstico é clínico e, em alguns casos, pode-se recomendar a cultura da orofaringe.
O quadro é atribuído ao Streptococcus pyogenes, que libera uma toxina responsável pela manifestação cutânea. O mecanismo mais aceito atualmente é de que se trate de hipersensibilidade tardia aos antígenos do estreptococo e liberação de citocinas inflamatórias. O GAS tem seu reservatório na mucosa nasal, adenoides e amígdalas. 3
Os sintomas de faringite aguda inicial são: febre, dor de garganta, dor ao engolir e adenopatia cervical. Este agente é responsável por 20 a 40% dos casos de faringite em crianças e em 5 a 15% em adultos. Os surtos podem ocorrer em domicílios, escolas, instalações militares e outros ambientes onde haja contato próximo entre humanos. O contato direto ou indireto com uma pessoa infectada é a fonte da infecção, acredita-se que a transmissão ocorra principalmente por grandes gotículas de secreções respiratórias, embora a propagação através de objetos e alimentos contaminados sejam vias
alternativas de transmissão. A fonte da infecção pode ser também uma ferida ou queimadura infectada com GAS.
Surtos de escarlatina são mais frequentes no início do ano letivo e com as temperaturas mais frias. A incidência da doença tem aumentado em vários países e há suspeita de cepas resistentes do GAS.O diagnóstico diferencial deve ser feito com algumas doenças virais como sarampo, rubéola, arboviroses e exantema por drogas.
A escarlatina pode ser evitada com boa higiene das mãos e desinfetando regularmente os fômites compartilhados. A recuperação geralmente é concluída em 3 a 6 dias de tratamento, mas os sintomas cutâneos podem levar de 14 a 21 dias para desaparecer.
Penicilina ou amoxicilina são o tratamento de primeira linha e, em casos de alergia, podem ser usadas cefalosporina, clindamicina ou eritromicina. O uso de antibióticos reduziu a morbidade da escarlatina em comparação com o início do século 20, quando a mortalidade era de aproximadamente 30%, para menos de 1%.
O dermatologista é o médico capaz de diagnosticar e tratar as doenças de pele na infância e vida adulta.
Fontes: